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Jorge Guinle em diálogo: Antonio Dias

Jorge Guinle em diálogo: Antonio Dias

07/08/2020 até 08/08/2020

"Em arte sempre se cria um fetichismo, de uma maneira ou de outra."

Conheci Antonio Dias no Rio, logo que cheguei de Paris. Estava começando a pintar a óleo; mostrei vários quadros a ele e me lembro que gostou. Isso foi em 1965.

No espaço desses quatorze anos, acompanhei seu trabalho com muito interesse, porque creio que ele conseguiu expressar uma visão muito pessoal em cada uma de suas fases: a pop, a conceitual, etc.

Cheguei cedo ao seu apartamento para a entrevista. Ele, recém instalado na Gávea. Fui observando tudo. Adoro conhecer novos ambientes, e quando se trata de um apartamento de um pintor, fico mais curioso, ainda: na parede, duas reproduções, uma do Van Gogh, que ele explicou não gostar muito porque “as composições dele parecem recortadas a esmo”, e outra do Picasso – uma natureza morta de 1942.

No quarto de dormir, uma cômoda com várias gavetas, cheias de projetos.

Sua mulher nos ofereceu café-com-leite e sanduiches. A entrevista começou logo depois. Durou três horas. Fomo-nos empolgando e somente um corte (aliás muito agradável), com a chegada do meu companheiro, o fotografo Marco Rodrigues.

 

[Jorge Guinle/Interview] Você pinta desde que idade?

[Antonio Dias] Pinto desde 1961, 62... Desde 60. Sessenta.

[JG] No fundo, você gostava de uma arte que não compreendia, que o chocava. Você se sentia atraído por pinturas diferentes, cujos temas você ainda não compreendia.
[AD] É. Bem Abstratos.

[JG] Bem abstrato. Você queria alguma coisa que chocasse o público.

[AD] A abstração se inicia, era muito entusiasmante para mim.

[JG] Você sempre foi tocado por sinais, não é? Sempre quis criar uma coisa que só você compreenderia e que os outros teriam que decifrar aos poucos. Depois, você tomou conhecimento da pop art...

[AD] Não, foi anterior a isso, quer dizer: havia um período de viagens muito grande entre Rio e São Paulo, viagens de cunho pessoal. Ir lá, encontrar gente. São Paulo parecia mais ativo que o Rio, na época e, então fiz essa série enorme de trabalhos como aquele desenho que você tem...

[JG] Que são histórias em quadrinhos...

[AD] É. Tipo cartas.

[JG] Você tinha conhecimento da Pop Art?

[AD] Não, ainda não.

[JG] Quer dizer que a primeira acolhida foi na Paris “paraíso dos pintores” ... Você era jovem – 21, 22 anos... Foi um impulso incrível pra você continuar no estilo. Aí você passou por uma fase intermediária, de 68 a 72, digamos. Eram retângulos dentro do retângulo.
[AD]
 Em geral, havia um retângulo dentro do retângulo, o retângulo interno sendo uma metáfora do território, enquanto o externo, uma metáfora do quadro em si.

[JG] E, dentro havia escrito alguma coisa tal como PRISÃO, O DIA, A POESIA...
[AD]
 É, havia um título que definia o território.

[JG] Dar nome ao território, criar um território mental...
[AD]
 Exato. Dentro havia indicações da leitura.

[JG] Havia um que era O DIA E O PRISIONEIRO.
[AD]
 O dia COM o prisioneiro.

[JG] Você vê alguma relação com o poema concretista do trabalho concretista brasileiro?
[AD]
 Não.

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#JorgeGuinleEmDiálogo apresenta trechos de entrevistas realizadas por Jorge Guinle para a Revista Interview. Fundada por Andy Warhol em 1969 nos EUA, a revista tinha como marca registrada uma abordagem despojada com entrevistas com pouca ou quase nenhuma edição. Para a versão brasileira, Guinle colaborou entre os anos de 1979 e 1982, entrevistando nomes como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel, entre outros. Estas trocas para a Interview estimulam a percepção do espectador frente ao objeto artístico e pesquisa de cada artista.

Fonte: https://mailchi.mp/simoesdeassis/interview_antonio-dias



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