"Lygia Clark e o Hélio Oiticica
são para mim os primeiros artistas
100% vanguardistas do Brasil."
Esta entrevista foi feita uma semana antes do desaparecimento de Hélio. Seu apartamento era um dos maiores e mais generosos do Rio, não pela sua escala real (uns 80m²), mas pelas suas maquetes diminutas que, espalhadas pela casa inteira, ampliam sua dimensão até parecer uma planta gigantesca de uma futura megalópoles. Nela começamos a entrevista.
[Jorge Guinle/Interview] Como é que você bolou Parangolé? Foi em 64?
[Hélio Oiticica] Eu comecei a fazer o Parangolé em 64...
[JG] Mas você passou diretamente da fase dos objetos e pintura para o Parangolé?
[HO] Não. Eu comecei no Grupo Frente em 55. Era o grupo que tinha o Serpa, Lígia Pape, Lygia Clark, Aluísio Carvão, Décio Vieira, e outros. E meu irmão que é arquiteto: César Oiticica. Aí, tinha uma escola de Arte infantil que era constituída por Serpa, Carvão, meu irmão e eu. O Serpa foi para fora e eu comecei a fazer parte do grupo Neo-concreto em 59, por influência do Gullar, e, em parte, da Lygia Clark.
[JG] O nome de teus trabalhos é muito importante, não? Você sempre bolava um nome.
[HO] É importante. Não é um desenho a guache. Essa definição não significa nada. E para mim, Meta-Esquema significa que pelo fato de eu não utilizar cor, usar pouca cor e utilizar o papelão, continua a ser pintura. Por que o espaço é pintura. Então Meta- Esquema é isso: uma coisa que fica entre. Que não é nem pintura, nem desenho, mas na realidade uma evolução da pintura.
[JG] O esquema seria a estruturação do trabalho, e o Meta a transcendência da visualização.
[HO] Como se fosse um programa determinado dentro da pintura. Daí eu passei para os quadros em que usava cor com cor, como aquela ali, que você olha e tem a impressão de que é todo amarelo. Quando ele está iluminado debaixo, o amarelo é de um jeito diferente. Você só vê quando tem uma iluminação artificial. Na realidade é uma cor só, pintada em várias direções.
[JG] Você foi um dos artistas mais importantes na época, porque realmente partiu para outra coisa.
[HO] Aí eu comecei a fazer as primeiras coisas no espaço, que eram relevos espaciais, onde a cor entrava por dentro e tinha uma porção de vazados. A cor entrava e saía de dentro.
[JG] As suas obras e a da Lygia têm muito em comum não? Quase seria um estilo.
[HO] Há um certo diálogo. Agora... estou me preparando para o morro da Mangueira. Um evento onde vários artistas participarão. Para mim é melhor levar a descoberta do espaço urbano à favela do que ir lá e fazer um filme, como no dia que a gente foi e como resultado achei péssimo.
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#JorgeGuinleEmDiálogo apresenta trechos de entrevistas realizadas por Jorge Guinle para a Revista Interview. Fundada por Andy Warhol em 1969 nos EUA, a revista tinha como marca registrada uma abordagem despojada com entrevistas com pouca ou quase nenhuma edição. Para a versão brasileira, Guinle colaborou entre os anos de 1979 e 1982, entrevistando nomes como Lygia Clark, Hélio Oiticica, Mira Schendel, entre outros. Estas trocas para a Interview estimulam a percepção do espectador frente ao objeto artístico e pesquisa de cada artista.
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