por Bernardo Mosqueira
Pelas telas desta série apresentada na SIM Galeria em Setembro de 2012 são ofertados aos nossos olhos organismos vivos em fantasia. Se eles vêm de uma terra distante, se formam os diversos ecossistemas de um planeta desconhecido ou se cada trabalho recorta a vista de um mundo ou universo distinto, não nos é dado saber. Mas também não nos é impedido.
Usando muitas camadas de tinta e diversas sequências e variações da técnica subtratora do esgrafito, Gilvan cria formas cujas superfícies apresentam ondas de frequências das mais diversas e estruturas que explanam ornamentos sequenciais. Estes podem se assemelhar a estruturas fisiológicas reais como hifas, halos, caules, cílios, pelos, estrias, curvas, linhas, verrugas, gametas, escamas, rugas etc..
No tal espetáculo cotidiano da pintura, Gilvan pinta como quem faz música com o corpo: Alterna momentos quase silenciosos de calma e sutileza com o pequeno pincel à mão canhota e o rosto próximo à tela com surtos explosivos em que, a metros da pintura, enfia, descontroladamente, pincéis gastos em potes lotados de tinta, lançando seus multicoloridos dardos oleosos sobre a pintura.
Se parecem, na tela pronta, esporos de seres vistos e desconhecidos, aqui, eles são esporos de conhecido e não visto Gilvan, que comunica assim. Respinga-se na tela no desejo desesperado e fantástico de que ela respingue, da maneira possível, no observador.