Ascânio MMM
Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976.
Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados.
A relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra.
Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira.
Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador.
Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”.
Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil.
A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BE Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.
Ao longo de sua frutífera carreira, Ascânio MMM participou de duas Bienais de São Paulo (1967 e 1979), da 2a Bienal da Bahia (1968) e da 1a Bienal do Mercosul em Porto Alegre (1997). Além disso, também realizou diversas individuais no Rio de Janeiro (Museu de Arte Moderna 1976, 1984, 1999 e 2008), Belo Horizonte e São Paulo e integrou inúmeras mostras coletivas. Em 1972, ganhou o Grande Prêmio para Escultura, no 4º Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e, em 1979, recebeu o Prêmio Viagem ao Exterior no I Salão Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura. Suas obras fazem parte de coleções, como da Fundação Edson Queiroz, em Fortaleza, e do Itaú Cultural, e de acervos do Museo de Arte Contemporâneo de Buenos Aires, MAM-RJ, MAM-SP e Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
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