Flávio Cerqueira
Flavio Cerqueira (São Paulo, 1983) trabalha com processos tradicionais da escultura em bronze. Graduado em Artes Plásticas pela Faculdade Paulista de Artes, possui mestrado em Artes pela UNESP, mesma instituição em que desenvolve doutorado e onde atua como professor de escultura. O artista explora a construção de narrativas a partir de figuras humanas, evocando questões importantes de classe, identidade e raça. Em sua produção, objetiva cristalizar o instante e o fragmento de uma ação, incorporando o espectador como um coautor na produção de significados da obra.
Seus trabalhos retratam personagens ficcionais em situações cotidianas, comuns e universais, como em momentos de introspecção, reflexão, concentração e ação. A presença de objetos do cotidiano, como espelhos, livros, troncos de árvores, rampas, escadas, cria tensão com as figuras humanas de bronze. A fricção proposta entre o trabalho e o espaço do cubo branco reitera a tentativa de Cerqueira de desfocar as fronteiras entre a escultura e o mundo, assim como entre a obra de arte e o espectador.
Os questionamentos acerca da individualidade e da coletividade são centrais na produção de Cerqueira. As figuras retratadas, embora ficcionais e em escalas distorcidas, resguardam níveis de reconhecibilidade com a realidade, acentuando a dinâmica empática que suas narrativas propõem. Desse modo, ressalta denúncias sobre a violência exercida sobre pessoas pretas, das suas forças de vilanização à autodestruição, como nas obras “Amnésia” (2015), “Iceberg” (2012) e “Antes que eu me esqueça” (2013). O artista debruça-se com afinco às críticas aos sistemas educacionais brasileiros que refletem as desigualdades socio-raciais do país, apontando a raiz do problema, ao mesmo tempo que ilumina sua solução – como nas esculturas “Foi assim que me ensinaram” (2011), “Sobre tudo, mas não sobre qualquer coisa” (2016) e “Uma palavra que não seja esperar” (2018).
As obras de Flavio Cerqueira tem sido destaque em inúmeras coletivas no Brasil e no exterior, incluindo: “Dos Brasis”, SESC Belenzinho (2023); “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os Brasileiros”, Museu de Arte do Rio, Instituto Moreira Salles (2022-2023); “Lugar-comum”, MAC-USP (2022-2024); “Histórias Afro-Atlânticas / Afro-Atlantic Histories”, National Gallery of Washington, LACMA, The Museum of Fine Arts Houston e MASP (2018-2022); “Queermuseu”, Santander Cultural (2017); “South / South Let me Begin Again”, Goodman Gallery Cape Town (2017); 10ª Bienal do Mercosul (2015); e 16ª Bienal de Cerveira (2011). Também participou de residências em Londres (Delfina Foundation, 2022), Kansas City (Kansas City Art Institute, 2018), Saitama (C.A.J. Artist in Residency Program – A.I.R.) e Lisboa (Carpe Diem Arte e Pesquisa). Sua obra faz parte de relevantes coleções, como MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituto Inhotim, Universidade de Missouri Kansas City (UMKC), Museu Afro Brasil, MAC-USP, Instituto Itaú Cultural, Museu Nacional da República e Museu Oscar Niemeyer, entre outros.
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Como se o silencio dissesse tudo, 2020
pintura eletrostática sobre bronze e cabos de aço
45 x 50 x 50 cm
Antes que eu me esqueça, 2013
pintura eletrostática sobre bronze, madeira e espelho
123 x 35 x 20 cm