Miguel Bakun
Filho de imigrantes ucranianos, Miguel Bakun nasceu em 28 de outubro de 1909 na cidade de Mallet, sul do Paraná. Ainda jovem, em 1926, ingressou na Escola de Aprendizes da Marinha, em Paranaguá, e em seguida foi transferido para a Escola de Grumetes do Rio de Janeiro, onde começou a realizar esboços a lápis, desenhos de observação, retratos, caricaturas e paisagens – como fazia também seu colega e contemporâneo José Pancetti. Em 1930, em virtude de um acidente, desligou-se da Marinha e mudou-se para Curitiba.
Mesmo sem formação sistematizada em artes plásticas, Bakun montou ateliê em sua residência e, para manter o sustento, trabalhou como fotógrafo lambe-lambe. Nos anos 1940, passou a compartilhar ateliê com outros artistas no centro da cidade, em prédio cedido pela Prefeitura. A década é considerada promissora para ele, marcada por suas primeiras participações e premiações no Salão Paranaense de Belas Artes e pela participação em duas edições do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Chegou a receber algum interesse da crítica: no texto mais emblemático desse período, o artista e professor Guido Viaro afirmou que Bakun “elimina o ar das paisagens como se fosse uma experiência de física”.
Os anos 1950 foram os mais prolíficos, quando pintou retratos, naturezas-mortas, marinhas e sobretudo paisagens, além de murais na residência do então governador Moysés Lupion, hoje o Castelo do Batel. Ao final da década, produziu obras com alusões animistas, em que figuras alegóricas se confundem com os contornos das paisagens.
Apesar das eventuais premiações e da amizade com agentes do circuito, Bakun não chegou a se inserir plenamente no incipiente sistema de artes local, nem pôde viver apenas da venda de suas obras. Emergiu em uma cena de gradual modernização do repertório da pintura acadêmica, na qual a expressividade assertiva de suas obras parecia fora de lugar - experimental ou subjetiva demais. Quando, porém, uma nova geração de artistas ganhou protagonismo na arte curitibana, foram as obras abstratas que tomaram o debate, o que também mantinha Bakun na periferia do olhar.
Em seus últimos anos, já sofrendo por sua precária situação econômica, Miguel Bakun recebeu tratamento médico por causa de forte depressão. Encerrou sua vida em 14 de fevereiro de 1963.
Participou de diversas exposições individuais das quais destacam-se: “Miguel Bakun - Na Beira do Mundo” (2010), Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; “Miguel Bakun: Natureza e Destino” (2010), Instituto de Arte Contemporânea, São Paulo. Entre as coletivas estão: “Aprendendo com Miguel Bakun: Subtropical” (2019), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; “Brasil 500 Anos de Artes Visuais” (2000), Fundação Bienal de São Paulo. Possui trabalhos em coleções importantes como MON - Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC - Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, Museu Paranaense, Curitiba e Coleção Luís Antonio de Almeida Braga, Rio de Janeiro.
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Flamboyant - Ao fundo Igreja de São Benedito e Igreja Matriz de Paranaguá, 1952
óleo sobre tela
44 x 55 cm