Ayrson Heráclito
Ayrson Heráclito (Macaúbas, 1968). É artista, professor e curador. Possui doutorado em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, e mestrado em Artes Visuais pela UFBA. Com um olhar particular, a obra de Heráclito evidencia as raízes afro-brasileiras e seus elementos sagrados, projetando ações e práticas que compõem a história e a cultura da população negra.
Seus trabalhos transitam entre instalações, performances, fotografias e produções audiovisuais que lidam com as conexões entre o continente africano e as diásporas negras nas Américas. O corpo é um elemento central de sua pesquisa, empregando referências rituais, principalmente do candomblé, como dendê, carne, açúcar e sangue, buscando relacioná-los ao patrimônio histórico e arquitetônico ligado ao comércio escravista. Entre 2008 e 2011, produziu a série intitulada Bori, que significa oferenda à cabeça. A performance apresenta uma espécie de rito em que Heráclito oferece a comida sacrificial ligada a cada um dos 12 principais orixás. São utilizados alimentos como milho, pipoca, quiabo, arroz e fava, colocados em torno da cabeça de cada performer, que estão deitados em esteiras de palha e vestidos com roupas brancas.
Outro importante marco na carreira do artista foi Transmutação da Carne, iniciado em 1994. A obra surgiu a partir de um documento que descreve as torturas cometidas pelos senhores de engenho contra os escravizados. Em 2015, Heráclito reapresentou Transmutação da Carne durante a exposição Terra Comunal, da artista sérvia Marina Abramovi? (1946), no Sesc Pompéia, em São Paulo. Uma de suas principais pesquisas é Sacudimentos, sobre o tráfico negreiro entre a Bahia e o Senegal, realizada em 2015 e apresentada na 57ª Bienal de Veneza (2017). Composta por vídeos e fotografias, a obra é construída a partir de rituais de limpeza da Casa dos Escravos na Ilha de Goré e de um grande engenho de açúcar no Brasil, exorcizando os fantasmas da colonização.
O artista participou da 57ª Bienal de Veneza (2017), na Itália; da Bienal de fotografia de Bamako no Mali (2015) e da Trienal de Luanda em Angola (2010). Em 2022, teve uma grande exposição individual, “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”, que contemplou décadas de produção na Estação Pinacoteca, em São Paulo. Foi um dos curadores-chefes da 3ª Bienal da Bahia, curador convidado do núcleo “Rotas e Transes: Áfricas, Jamaica e Bahia” no projeto Histórias Afro-Atlânticas no MASP, que esteve em cartaz no MASP e no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2018. Recebeu o prêmio de Residência Artística em Dakar do Sesc_Videobrasil e a Raw Material Company, Senegal. Possui obras em acervos do Musem der Weltkulturen, Frankfurt; MAR - Museu de Arte do Rio; Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; MON, Curitiba; Videobrasil e Coleção Itaú.
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Bori, 2011
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
100 x 100 cm cada
História do Futuro – Corpo e Sal: o capítulo da hidromancia, 2015
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
150 x 225 cm
História do Futuro - Baobá: o capítulo da agromancia, 2015
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
150 x 225 cm
Sacudimento da Maison des Esclave em Gorée: fachada II, 2015
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
230 x 130 cm
Sacudimento da Casa da torre: fachada I, 2015
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
230 x 130 cm
Flor de Chagas, 2013
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
100 x 150 cm
Bori: Iansã, 2011
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
100 x 100 cm
Vodun Agbê I, 2010
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
166 x 110 cm
Vodun Agbê II, 2010
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
166 x 110 cm
Sacudimento da Casa da torre: Díptico I – Sacerdotes, 2015
fotografia impressa com pigmentos minerais sobre Canson Rag Photographique 310g/m2
195 x 220 cm