Carmelo Arden Quin
Pintor, escultor e poeta, o artista plástico uruguaio Carmelo Arden Quin (Rivera, Uruguai, 1913-2010) conhece em Montevidéu, em 1935, seu mentor, o mestre do construtivismo Joaquin Torres Garcia. A convivência com Torres Garcia foi fundamental para o desenvolvimento da obra de Arden Quin. Arden Quin foi um dos responsáveis - Rhod Rothfuss, Martin Blaszko e Gyula Kosice - junto a por inscrever a América Latina na história da arte na década de 1940, ao fundar o Grupo MADI, em 1946, em Buenos Aires. O movimento nasceu com um manifesto postulando, entre outras coisas, que a geometria mantém o Universo e que o formato como a obra total deve ser uma criação única. MADI aboliu o quadro, o fez parte essencial da forma da obra. Os participantes afirmavam a universalidade e afinidades de sua estética nas diferentes expressões da criação da vanguarda; nas artes plásticas, arquitetura, poesia, música e dança. os artistas MADI teorizara e propunha a moldura recortada e chegou às mais recentes consequências da crise de representação.
A ideia de uma ruptura com a estrutura ortogonal libera a obra do campo ou do fundo para deixar apenas um núcleo que agora adquire as formas planares mais variadas dentro do espaço. Em Buenos Aires, Arden Quin foi também um dos fundadores da Associação Arte Nova, integrada por artistas de diferentes tendências não figurativas. Mudou-se para Paris em 1948 e expôs no Salón des Réalités Nouvelles, de 1949 a 1956. Em 1949, participou da Exposição Madí, na Galeria Colette Allendy, naquela cidade.
Em seu vasto corpo de obra, determinadas obras da série Forme Galbée aludem a uma partitura. Essa sensibilidade do artista em executar ritmos e sinuosidades de grande impacto visual revelam a sua especificidade. É importante destacar que o caráter cinético dessas obras se dá pela forma em como o espectador se coloca defronte a obra, isto é, a cada mudança de perspectiva dele, a obra cria novas percepções e imagens. Outro ponto de destaque é o fato dela possuir concavidades no suporte da madeira, provocando uma sensação de miragem óptica. Na série Plastique, realizada em meados dos anos 1980, o artista adotou uma forma de experimentação utilizando superfícies construídas e unidades visuais modulares feitas em acrílico e madeira que redimensionaram a sua obra.
Arden Quin foi uma força singular que produziu mais de 60 anos uma obra corpo profundamente original, fruto de sua vontade de renovar e de suas idas e vindas entre intuição e conceituação, em um diálogo ininterrupto com planos e formas geométricas. Há o pensamento de um pintor articulando formas e cores naquela superfície. Arden Quin reflete sobre o lugar da arte e seu compromisso com a invenção e com o agora. É um artista conectado ao moderno e a todas as formas críticas do pensamento cultural. Sua pintura, desde o início, possui um vínculo com outras artes, seja a música, o design ou a arquitetura. Ao contrário de seus contemporâneos ligados ao figurativismo, Carmelo desafiou as regras e desejou que a sua obra alcançasse o espaço, e assim o foi.
ler mais >