Manfredo de Souzanetto
Manfredo de Souzanetto (Jacinto, 1947) é pintor, desenhista e escultor. Viveu sua infância no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais. Devido aos recorrentes deslocamentos de seu pai, o artista passou grande parte de sua juventude migrando entre Almenara, Jordânia, Lagedão, Nanuque, na região do Vale do Mucuri e Montanha, no Norte do Espírito Santo. É nesse momento que teve o primeiro contato com a organicidade dos granitos, das pedras e cerâmicas do norte do Estado de Minas. Em 1967, muda de Almenara para Belo Horizonte e, em 1969, inicia os estudos em desenho e pintura na Escola Guignard. Em 1972, entra para a Escola de Arquitetura da UFMG. Nesse período, experimentou o desenho com nanquim, ecoline e outras técnicas, cujo tema principal era o corpo humano na paisagem montanhosa e urbana.
Em 1974, ano em que realizou sua primeira individual, na Galeria do Instituto Brasil/Estados Unidos, foi pioneiro ao iniciar um movimento de denúncia à destruição da paisagem mineira com a série “Olha bem as montanhas”. Foi contemplado no 5° Salão Nacional de Arte Universitária de Belo Horizonte com uma bolsa de estudos para estudar na França, residindo em Paris entre 1975 e 1979. Frequentou a École Nationale Louis Lumière, onde estudou fotografia, linguagem que serviu de suporte documental para intervenções na paisagem e em espaços públicos que produziu. No final de 1979, voltou ao Brasil e dividiu ateliê, em Juiz de Fora, com Arlindo Daibert, figura importante no seu processo de reintrodução ao meio artístico. Em 1980, realizou uma exposição na Projecta Galeria de Arte, em São Paulo, e na GB Arte, no Rio de Janeiro, e ganhou, com “Na Mina de Caulim”, o prêmio Gustavo Capanema de melhor conjunto de obra do IV Salão Nacional da Funarte, o que o levou a fixar-se na cidade carioca. Em 1993, participou da Triennale des Amériques, em Maubeuge, juntamente Lygia Clark, Carmelo Arden Quin, Alexander Calder, Carlos Cruz-Diez, Cícero Dias, Sergio Camargo, Julio Le Parc, Bruce Nauman, Jesús Rafael Soto e Cy Twombly.
O trabalho de Souzanetto é um contínuo diálogo entre pintura e escultura, transitando entre o bidimensional e o tridimensional originando relevos orgânicos/geométricos que questionam o comportamento da forma no plano e seu desenvolvimento no espaço. Além disso, utiliza pigmentos naturais extraídos das terras de Minas Gerais em um movimento de ativismo ecológico, tornando a terra, na condição de pigmento, matéria do trabalho. Em boa parte de sua produção, as formas criadas pelas cores estão diretamente relacionadas com os formatos das próprias telas, incorporando a cor ao objeto e as pinturas com formatos mais tradicionais que passa a produzir a partir dos anos 2000.
Possui obras em importantes instituições como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; MAM-São Paulo, Brasil; MAC-USP, São Paulo, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil; MAM-Rio, Brasil; IMS-Rio, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil; MAC-Niterói, Brasil; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil; Museu de Arte Moderna da Bahia, Brasil; Museu de Arte Brasileira FAAP, São Paulo, Brasil; Musée de l’Abbaye Sainte-Croix, Les Sables d’Olonne, França; Fond National d’Art Contemporain, França; Brazilian American Cultural Center of Washington, EUA; Coleção Statoil, Stavanger, Noruega; eTel Aviv Museum of Art, Israel.
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Olhe bem as Montanhas, 1973-1974
ecoline, aquarela, lápis de cor e nanquim sobre papel colado em cartão
62 x 79 cm