“Ver é entrar em um universo de seres que se mostram, e eles não se mostrariam se não pudessem estar escondidos uns atrás dos outros ou atrás de mim. (...) Assim, cada objeto é o espelho de todos os outros.”

M. Merleau-Ponty in Fenomenologia da Percepção

 

Os trabalhos dos artistas selecionados para a exposição FORMA e PRESENÇA apresentam uma provocadora tensão sobre os limites existentes da pintura, da escultura e da arquitetura. Trata-se não apenas de tornar permeáveis suas fronteiras físicas, mas também, e não menos importante, os seus limites conceituais. Os objetos e instalações concebidas pelos artistas se situam nas fronteiras do que chamamos de “arte” e “vida”. 

As suas pesquisas remetem às conquistas revolucionárias do modernismo, incorporando movimentos distintos como o Dadaísmo e o Construtivismo russo – e figuras emblemáticas como Kurt Schwitters e Vladimir Tatlin – que dialogam com a agitação artística ocidental das décadas de 1950 a 1970, destacadanente o Neoconcretismo brasileiro, o Minimalismo e o Pós-minimalismo norte-americanos, a Arte Povera italiana, o Nouveau Réalisme e o Support-surface Frances.

De todos esses momentos da história da arte, os cinco artistas apreendem uma comum e importante lição, que se relaciona intimamente ao papel do “espectador” na arte contemporânea, compreendido com uma figura ativa, um interlocutor ou recodificador de significados, e não apenas um mero receptor de mensagens. Para tanto, suas obras geralmente desempenham uma presença teatral, que solicita do público uma interação sensorial e temporal mais ampla. 

É preciso assinalar, ainda, que no contexto brasileiro, onde o modernismo teve papel fundamental para a construção de uma tradição artística peculiar, esses artistas estabelecem uma sensível ponte entre os tempos, compreendo o legado oriundo do passado como base e alavanca para se projetar esteticamente obras comprometidas com a inquietude e com a velocidade do mundo contemporâneo. Elas são herdeiras da inteligência e se alimentam da informação mas são, também, agentes de resistência a uma espécie de aceleração visual excessiva que caracteriza parcela ponderável da produção de nossos dias.

 

As obras de Angelo Venosa associam materiais e imagens do mundo natural aos artigos e processos industriais. O artista concebe obras curvilíneas que remetem em grande parte a estruturas ósseas, cuja dramaticidade visual possui grande sintonia com estilos ou movimentos artísticos que incluem o Gótico, o Barroco e os modernos Art Nouveau e Surrealismo. Trata-se de uma espécie de arqueólogo de um mundo imaginário, um criador inquieto de esculturas e objetos que, mesmo quando incorporam tecnologias recentes, permanecem carregados de referências ambíguas e fantásticas, sugerindo formas orgânicas ou zoomórficas carregadas de ancestralidade.

Em seus trabalhos, Elizabeth Jobim nos apresenta a formas aparentemente autorreferentes, mas que na verdade têm como ponto de partida o mundo concreto. A artista estuda exaustivamente as pedras irregulares que encontra na cidade do Rio de Janeiro para depois converter esses seres minerais em pintura sob a forma de composições geométricas que se desdobram liricamente sob a superfície do quadro. Recentemente, a artista tem investigado uma ideia expandida de pintura, ao produzir objetos e instalações nos quais a ordem dos painéis pintados, de formatos e volumes variados, é alterada a cada exposição para se integrarem poeticamente aos espaços arquitetônicos onde são exibidos, fazendo emergir diferentes e específicos olhares e significados.

A relação entre arquitetura e escultura é central na obra de Iole de Freitas. Seus trabalhos se afirmam no dinamismo visual de formas curvilíneas habilmente desconstruídas pela artista no espaço. São estruturas lineares e planares, que sugerem uma espécie de dança ou fluxo contínuo e que na maioria das vezes articulam uma contundente monumentalidade com a transparência, simplicidade ou mesmo banalidade dos materiais industriais que as constituem. Alteram profundamente a percepção visual do espaço onde se inserem, remetendo a questões fundamentais de antigas e recentes tradições artísticas que incluem o Helenismo e o Barroco e movimentos marcantes do século XX como o Construtivismo russo e o Neoconcretismo brasileiro.

As obras de José Bechara se destacam pela exploração e diversidade de novos processos e materiais. Lonas de caminhão, pele bovina, chapas ferruginosas ou ainda artigos apropriados diretamente do mobiliário doméstico são convertidos em aparatos artísticos, capazes de promover narrativas exuberantes e, acima de tudo, provocadoras. Muitos de seus trabalhos articulam certo rigor construtivo com a sensorialidade da matéria orgânica ou mineral. Em obras recentes, a imagem da casa aparece como uma espécie de assombração ou caixa de pandora, da qual transbordam inúmeras e pequenas esculturas que representam peças de mobiliário. A superfície em Bechara subverte o seu papel convencional: ela é elemento estruturador da forma, ela constrói o organismo estético numa curioso processo de formação estética.

Manfredo de Souzanetto produz objetos que dialogam tanto com a tradição da pintura quanto da escultura e das artes utilitárias. Suas obras remetem às artes gráficas e ao design e arquitetura modernistas, assimilados a aspectos locais, artesanais, naturais e afetivos, quando, por exemplo, o artista aplica pigmentos obtidos de amostras de terra coletadas em sua terra-natal, Minas Gerais. A inquietante equação entre a sofisticação e a essência remetem a um percurso histórico de extrema consistência estética. Em termos formais, seus trabalhos conciliam habilmente organicidade e geometria, cor e desenho; planaridade e tridimensionalidade. Sua produção se insere em uma linhagem de exploradores do espaço e da cor que, no Brasil, é constituída por grandes nomes como Franz Weissmann, Helio Oiticica, Aluisio Carvão e Ligia Pape.

 

Marcus de Lontra Costa e Álvaro Seixas

Rio de Janeiro. Março. 2013

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África (série Open House)

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