José Bechara
José Bechara (Rio de Janeiro, 1957) estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV) e formou-se como pintor em 1991, quando iniciou sua atividade artística em um ateliê coletivo na Lapa junto a outros artistas, como Raul Mourão, Ângelo Venosa e Daniel Senise. Em 1992, realizou sua primeira exposição individual. Foi nesse período que passou a intervir sobre lonas de caminhão usadas, incorporando processos de oxidação como linguagem do trabalho. Ali se definiria um campo pictórico novo e bastante fértil. A novidade não diz respeito aos materiais, mas ao modo como se apropria deles e mobiliza funções pictóricas singulares. A atenção aos elementos materiais do mundo, a experiência do tempo e suas formas de inscrição na superfície das coisas, constituíram um modo de operação poética que teve a apropriação como método e a precisão como régua.
Investigando esse processo de oxidação, realiza em suas pinturas um procedimento de mutação, girando em torno da diferença entre o concreto e o abstrato. Bechara não esconde seus procedimentos, mas sim opera de maneira a torná-los evidentes, incorporando as costuras e elementos de transporte que as lonas acumularam em sua vida útil. No final dos anos 1990, porém, deslocou sua pesquisa para incluir também investigações escultóricas. Se o trabalho com as lonas foi marcante para seu primeiro momento autoral, a experimentação com "a Casa",iniciada na residência artística de Faxinal do Céu, no começo dos anos 2000, disparou uma nova produção, marcada por um uso mais radical do campo dilatado da pintura, atuando diretamente no espaço.
A partir de 2007, iniciou seus trabalhos com vidro, dando continuidade a uma trajetória coesa do que já havia produzido na pintura e na escultura. O material – frágil, transparente e de difícil manuseio – permitiu que o artista construísse uma relação simbiótica com o espaço, assimilando-o, mesclando interior e exterior em uma penetração pictórica. O ruído contido, que nas lonas vinha da densidade acumulada pelo desgaste do material, é introduzido pela soma de elementos heterogêneos que se combinam pelo conflito e não pela fusão harmoniosa. Tudo se agrega em torno do vidro, que é o catalisador plástico da instalação.
Ao longo de sua trajetória de mais três décadas participou de importantes mostras coletivas, como: Bienal Internacional de Jinan - SYMBIOTIC WORLD, Shandong Art Museum, Jinan, China; 25ª Bienal Internacional de São Paulo; 29ª Panorama da Arte Brasileira; 5ª Bienal Internacional do MERCOSUL; e “Os 90”, no Paço Imperial, Rio de Janeiro. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como MAM Rio, Brasil; Ludwig Museum, Alemanha; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil; Fundação Iberê Camargo, Brasil; Fundação Calouste Gulbenkian, Portugal; MAC Paraná, Brasil; MAM Bahia, Brasil; MAC Niterói, Brasil; Instituto Tomie Ohtake, Brasil; Haus der Kilturen der Welt, Alemanha; MuBE, Brasil; Gropius Bau, Alemanha; Musee Bozar, Bélgica; e Museu Oscar Niemeyer, Brasil. Possui obras integrando coleções públicas e privadas, como no MAM Rio, Brasil; Centre Pompidou, França; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Museu Oscar Niemeyer, Brasil; Instituto Itaú Cultural, Brasil; MAM Bahia, Brasil; Ludwig Museum, Alemanha; Museum of Latin American Art, Estados Unidos; Brasilea Stiftung, Suíça; Culturgest, Lisboa, Portugal; Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, EUA; ASU Art Museum, Tempe, EUA; Centro de Arte Contemporáneo de Málaga, Espanha e Es Baluard Museu de Arte Contemporanea de Palma de Mallorca, Espanha.
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Sem título, 2023
acrílica, oxidação de cobre e ferro sobre lona usada de caminhão
120 x 230 x 3,8 cm
Sem título, 2022
acrílica, oxidação de cobre e ferro sobre lona usada de caminhão
120 x 230 x 3,8 cm
Para Amarelos, Série Criaturas do dia e da noite, 2022
acrílica e oxidação de ferro sobre lona usada de caminhão
100 x 100 cm
Sem título, 2021
oxidação de emulsões metálicas e acrílica sobre lona usada de caminhão
170 x 230 cm
Mira-Mira (série Criaturas do dia e da noite), 2017
acrílica e emulsão de oxidação ferrosa em lona usada de caminhão
170 x 220 cm