Sergio Lucena
Sergio Lucena (João Pessoa, 1963) frequentou os cursos de bacharelado em física e psicologia, ambos na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, mas interrompeu a graduação para dedicar-se à arte. Em 1982, deu início ao estudo de técnicas de desenho e pintura com o artista Flávio Tavares (1950). Passou um período na Chapada dos Guimarães e, no seu retorno à João Pessoa, em 1988, começou a conviver com o ideário do Movimento Armorial de Ariano Suassuna – que valorizava as expressões populares e seus mitos fundadores –, com considerável impacto em seus primeiros anos de sua produção. Foi nesse momento, inclusive, que o artista deixou a acrílica de lado e assumiu, definitivamente, a tinta a óleo.
O ponto de partida de sua produção pictórica residia na representação de seres inventados e fantasiosos. As figurações típicas deste início de carreira faziam referência ao fantástico imaginário nordestino, no qual já se identificava o interesse presente e permanente que atravessa toda sua trajetória: a complexa e misteriosa relação entre a luz e a sombra. Ao mudar-se para São Paulo, em 2003, começou a se dedicar à pintura de deuses fabulosos – seres híbridos ou quiméricos que, aos poucos, foram dando espaço à pesquisa luminosa que vem sendo foco de sua produção por quase duas décadas.
Desde então, o trabalho de Lucena (sempre sensível às forças da natureza), faz referência às paisagens do sertão que vivem em suas memórias de infância. Ele as transpõe para telas que sugerem vistas com horizontes longínquos, ou cenas mais abstraídas, nas quais uma linha horizontal se dilui em campos de cor de delicado gradiente. Como um verdadeiro convite à contemplação da imensidão, suas obras apresentam uma variedade infinita de matizes luminosos produzidos a partir de uma imensa gama de pigmentos no próprio ateliê. Suas pinturas são construídas com um imensurável acúmulo de matéria, carregando um peso de tinta que parece contradizer a leveza e fineza das rarefeitas pinceladas e das velaturas que ele aplica sobre a tela. Em sua série mais recente, elementos geometrizados começaram a emergir por entre os reluzentes campos coloridos, revelando de maneira mais premente como a presença da arquitetura vernacular do Nordeste, dos símbolos da cultura popular brasileira e das insígnias religiosas sincréticas habitam o imaginário do artista.
Sergio Lucena já realizou inúmeras individuais, como: “Festa do Interior” (2022), Simões de Assis, São Paulo; “Espelho” (2021), Simões de Assis, Curitiba; “The Blue that embraces me” (2021), Mariane Ibrahim Gallery, Chicago; “Enigma” (2015), Mariane Ibrahim Gallery, Seattle; “Horizonte Comum” (2014), Usina Cultural Energisa, João Pessoa; “O Mar de Sergio Lucena” (2011), Centro Cultural Correios, Salvador e Rio de Janeiro; “Deuses” (2007), MuBE, São Paulo; e “Sergio Lucena: pinturas” (1990), Laden Galerie, Berlim. Dentre as principais coletivas destacam-se: “37º Panorama da Arte Brasileira” (2022), MAM, São Paulo; “Paramnésia” (2021); Galeria Cisterna, Lisboa; “J'ai Deux Amours” (2021), Mariane Ibrahim Gallery, Paris; “Common Place” (2018), Mariane Ibrahim Gallery, Seattle; “Kunsthal Vejle Project” (2018), Kunsthal Vejle; “Os desígnios da arte contemporânea no Brasil” (2017), MAC-USP, São Paulo; “Admirável mundo novo, admirável mundo velho” (2015), The Adashi Institute of Woodcut Prints, Tóquio; “Artistas das Três Américas” (1998), Museum of the Americas, Washington; “Surrealismo no Brasil” (1989), Pinacoteca do Estado, São Paulo. Também recebeu premiações nos principais salões de arte do país e, em 2012, foi premiado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) com o Prêmio Mário Pedrosa, na categoria Artista Contemporâneo.
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