Gonçalo Ivo
A longeva trajetória do pintor e desenhista Gonçalo Ivo (Rio de Janeiro, RJ, 1958) é construída não pela repetição, mas pela regeneração de suas aproximações a cada assunto. A ideia de que a evolução se dá pelo constante retorno ao mesmo objeto, ao mesmo mantra, ao mesmo texto, que se tornam mais e mais nítidos a cada vez que se volta ele.
A ideia de nitidez não se coloca na obra de Ivo pela depuração das formas exatas. Ao revés, o artista colhe geometrias imprecisas, operando por decantação da forma e da potência da cor. Trabalhando desde a transparência à opacidade absoluta, Ivo lança mão de um sistema pendular para expressar a cor. A cor, em Ivo, não pertence à classe adjetiva, mas sim substantiva. Ela é sujeito ativo da oração. Nas palavras do artista: “A cor me faz pensar plasticamente. Estou mais ligado a uma ação cromática do que a? estrutura formal. [...] Para fazer pintura e? necessário pular o muro dos sonhos - sair para outros serenos”.
Paisagens, rios, elementos musicais e tecidos são percebidos em sua linearidade e na criação de padrões que cortam horizontalmente o papel ou a tela. Sob o horizonte de seu vasto repertório e vivências, o artista trabalha a sintaxe de sua obra como a construção de linguagem ligada ao desejo pelo que se conhece e ao que não se conhece.
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