Julia Kater
Julia Kater (Paris, 1980) possui formação em Fotografia pela ESPM/SP, é graduada em Pedagogia pela PUC/SP e pós-graduada em Psicomotricidade pela ISPEGAE, OIPR Paris/França. A artista elabora seu trabalho, orientando-se por um eixo temático: a improbabilidade visual. A partir da fotografia e do vídeo, captura momentos fugidios, flagra acontecimentos efêmeros, revelando detalhes que normalmente passariam despercebidos – por serem modestos ou absolutamente banais.
Seu trabalho parte da linguagem fotográfica, mas não se encaixa nos formatos clássicos do suporte. Kater lança mão se procedimentos como corte e sobreposição, criando interferências manuais por meio de camadas de imagens manipuladas que alteram e confundem os sentidos reais da imagem e desviam suas leituras imediatas. O gesto cortante é fundamental para a artista – seja ele físico ou digital –, operando simultaneamente como enquadramento e interferência. A paisagem é um dos grandes temas que Kater explora, subvertendo as noções estanques de céu e terra ou mar, corpo e construção. Nas séries que podemos chamar de colagens, as muitas camadas que compõem o trabalho não são apenas físicas, mas também alegóricas, expandindo o volume da imagem para o espaço e ampliando seus possíveis significados e interpretações.
Sua pesquisa também passa pela imagem em movimento. Inspirada pelo que o cinema tem de mais inusual – longos silêncios ou monólogos disparatados; cenas absurdas ou tomadas que quase nada revelam; gestos repetitivos e narrativas fragmentadas – a artista elabora pensamentos e desdobramentos de questões como memória, imaginário coletivo, apagamento e, principalmente, a linguagem e a passagem do tempo. Esses temas são recorrentes em suas articulações audiovisuais, que ganham no som mais uma camada de informação que impacta as possíveis leituras dos trabalhos.
Recebeu, em 2011, o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo. Em 2012, participou também da Art Residency, Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa. Suas principais exposições individuais incluem: “Quase um” (2021), Simões de Assis, São Paulo; “Breu” (2018), Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; “Acordo” (2017), Palazzo Rossini, GAA Foundation, Veneza; “Da banalidade” (2016), Instituto Tomie Ohtake e “Como se fosse” (2014), Ocupação Programa Caixa Cultural. Participou também de importantes coletivas e festivais, como: “Mutatio” (2019), Garage Amelot, Paris; Anthology Film Archives (2018), Nova York; Reencontres Internacionales Paris/ Berlin - New Cinema and Contemporary Art (2017); “Ao amor do público I” (2016), MAR, Rio de Janeiro; “Bienal de Assunção” (2015), “Frestas - Trienal de Artes” (2014), Sesc Sorocaba. Sua obra faz parte de coleções como: Museu de Arte do Rio - MAR, Rio de Janeiro; Museu Oscar Niemeyer - MON, Curitiba; Fundacíon Luis Seoane, La Corunha; Foundation PLMJ, Lisboa; e Museu de Arte de Ribeirão Preto.
ler mais >