Larissa de Souza
Larissa de Souza (São Paulo - 1995), artista autodidata, em sua pintura majoritariamente figurativa, concentra-se na imagem da mulher afro diaspórica em seu universo particular e coletivo. Sua pintura carrega a história das mulheres de sua linhagem e a força de muitas outras. Em 2016, começou a trabalhar em uma loja de materiais artísticos, onde aprendeu mais profundamente sobre aspectos específicos de cada tipo de material e técnicas diversas. Logo depois, passou a trabalhar como assistente no ateliê da mesma loja. Desde a infância interessava-se pelo desenho e encantava-se com os grafites da cidade de São Paulo. Foi durante a pandemia de 2020 que teve a oportunidade de dedicar-se a produzir seus próprios trabalhos.
A pesquisa de Souza navega entre corpo, desejo, ancestralidade e memórias pessoais. Sincronicamente, investiga memórias coletivas que constroem a cultura popular brasileira. No campo das artes visuais, suas principais referências e inspirações são Rosana Paulino, Sônia Gomes e Faith Ringgold. A técnica que mais emprega é a tinta acrílica, aliada a experimentação com aplicações, em que usa bordados, tecidos, pedras e ladrilhos, adicionando camadas de texturas a suas narrativas e composições.
As cenas retratadas são íntimas, domésticas e quase confessionais, e ao mesmo tempo, vasculham as memórias colhidas no imaginário popular brasileiro e em seu inconsciente. Há uma forte presença do vazio, haja vista que em muitas de suas cenas as personagens estão em ambientes caseiros completamente desocupados. Junto disso, há sempre uma porta ou uma janela aberta que convida à entrada do espectador, se sentindo acolhido por essas cenas. Na História da Arte, pessoas negras comumente são associadas a cenas de violência. A artista subverte esta lógica, demonstra harmonia e cria uma sensação de familiaridade ao pintar as possibilidades de afeto. É nesse ensejo que Souza opera a afetividade como política ao subverter os estereótipos criados pela branquitude.
Realizou exposições individuais como “Paredes que contam histórias (2023)”, Albertz Benda, Nova York e “Pertencimento (2021)”, Galeria HOA, São Paulo. Participou de exposições coletivas como “Do You See Me?'' (2023), House Albertz Benda and Friedman Benda, Los Angeles; “Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro'' (2022), Museu do Inhotim, Brumadinho; “Histórias Brasileiras” (2022), MASP, São Paulo; “Enciclopédia Negra'' (2022), Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro; “Vários 22'' (2022), Arte123, curadoria de Lilia Schwarz, São Paulo; e ''Por muito tempo acreditei ter sonhado que era livre'' (2022), Instituto Tomie Ohtake, São Paulo. Seu trabalho integra coleções importantes no Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP, São Paulo.
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Autorretrato: "Em processo de cura"
acrílica, bordado, aplicações, folha de prata e lápis de cor sobre linho
99 x 177cm